O governador Eduardo Riedel (PSDB) trocou o comando da Polícia Civil de MS nesta terça-feira (16), pouco mais de um ano após assumir o Governo.
Assim, Roberto Gurgel de Oliveira Filho foi exonerado a pedido. Lupérsio Degerone Lucio foi nomeado novo delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, segundo o DOE-MS (Diário Oficial do Estado).
Lupérsio atuava em Dourados, onde assumiu a Delegacia Regional em janeiro de 2015, após ser titular da 1ª DP por dois anos. Na época, substituiu o atual Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, que deixou a delegacia regional para assumir a Sejusp.
Degerone também é diretor de Interior da Adepol (Associação dos Delegados de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul).
Gurgel assumiu o cargo máximo da Polícia Civil de MS em fevereiro de 2022, após escândalo que levou à exoneração do antecessor, delegado Adriano Garcia.
Na época, Adriano se envolveu em briga de trânsito, usou a viatura para seguir uma jovem que lhe mostrou o dedo, e atirou contra o carro da garota.
No entanto, além do episódio da briga de trânsito que terminou numa tentativa de ‘esquentar' a suposta abordagem trapalhada, Garcia enfrentava crise interna.
O combate ao jogo do bicho dividiu a Polícia Civil de MS e Garcia foi flagrado pressionando uma delegada para saber ‘detalhes' da investigação.
Agora, a exoneração de Roberto Gurgel por um delegado de Dourados volta a coincidir com operações que impactaram a briga pela contravenção em MS.
Conforme antecipado pelo Jornal Midiamax em reportagem de outubro de 2023, a disputa pelo controle do jogo do bicho em Campo Grande rachou a Sejusp.
Assim, segundo as investigações, policiais supostamente corrompidos por contraventores chegaram a cometer roubos entre os grupos que brigavam para ‘operar' na capital.
Em dezembro de 2023, foi deflagrada a Operação Sucessione. Desta forma, as investigações levaram a 10 mandados de prisão temporária e 13 mandados de busca e apreensão em Campo Grande e Ponta Porã.
O deputado estadual Neno Razuk (PL) foi alvo da operação que cumpriu com um mandado de busca e apreensão. Além disso, quatro assessores do deputado, que é de Dourados, chegaram a ser presos.
Na Operação Sucessione, o parlamentar do PL (Partido Liberal) foi apontado pelo Gaeco como chefe do grupo na disputa pelo jogo em Campo Grande. Assim, Neno se tornou réu em fevereiro deste ano.
No entanto, na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), o presidente Gerson Claro (PP) disse que só abriria procedimento contra o colega caso algum partido formalizasse denúncia.
Enquanto isso, nos bastidores da Sejusp, servidores relatam que segue o racha interno. Há cerca de 60 dias, começaram rumores antecipando a troca de Gurgel na Polícia Civil de MS.
Segundo os relatos, a suspeita é de que haveria pressão para ‘segurar' investigações ligadas ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul.
No entanto, oficialmente todos negam. Procurada pela reportagem, a Sejusp se limita a dizer que a troca na delegacia-geral da Polícia Civil de MS aconteceu ‘a pedido' de Gurgel.
“Mudanças em unidades e forças são normais e podem ocorrer a qualquer tempo, tanto por vontade do gestor ou governo, quanto da pessoa que ocupa o cargo”, diz nota da Secretaria.
Segundo a assessoria de imprensa da PCMS, a instituição não tem nada a comentar. Por fim, Gurgel não se manifestou oficialmente até o momento de publicação deste texto.