O conflito entre o Exército de Israel e o grupo terrorista Hamas entra no décimo dia, com um saldo de mais de 4.000 mortos: 2.750 mil no lado palestino e 1.400 do lado israelense — além de 199 israelenses mantidos como reféns na Faixa de Gaza. Existe a expectativa iminente de uma grande incursão terrestre de Israel. Tanques e blindados estão posicionados e se movimentando na fronteira de Gaza, onde parte dos civis deixou a região, após um ultimato esgotado neste domingo (15), o que só aumenta a tensão no enclave com mais de 2 milhões de habitantes.
O Exército de Israel convocou 300 mil reservistas para engrossar suas fileiras, num movimento inédito da vida militar do país.
O resgate dos reféns que possivelmente estejam em túneis no subsolo de Gaza é tratado como uma prioridade na operação. Além da dificuldade de garantir a segurança dos reféns, combater numa área tão densamente povoada é um complicador. Há temor de que os terroristas utilizem civis como escudos humanos.
Israel anunciou ter preparado um ataque coordenado contra Gaza, controlada pelos fundamentalistas do Hamas, por terra, mar e ar, mas com ênfase em uma consistente operação terrestre. Em apoio à ofensiva, os Estados Unidos enviaram dois porta-aviões ao Mediterrâneo Oriental. Na sexta (13), o USS Dwight D. Eisenhower, um dos maiores do país, deixou o estado da Virgínia. A presença americana em apoio a um aliado histórico também é um recado ao Irã para evitar um envolvimento na guerra, atuando em defesa dos terroristas palestinos.
A guerra entre Israel foi deflagrada no sábado (7), quando pelo menos 1.500 palestinos integrantes do grupo terrorista do Hamas avançaram pelo sul de Israel, rompendo o bloqueio da Faixa de Gaza e promovendo um massacre sem precedentes, matando e sequestrando civis de forma selvagem. Foi o pior ataque terrorista sofrido pelo povo judeu em seu território.
Israel respondeu aos mísseis palestinos com intensos bombardeios a Gaza, que teriam deixado mil palestinos soterrados e, segundo a Defesa Civil, muitos ainda vivos. Mas Israel também vem sofrendo ataques de outros grupos, como o Hezbollah. Neste domingo (15), o Exército israelense postou na rede social X (antigo Twitter) que já recebeu nove ataques de mísseis antitanque vindos do sul do Líbano. Cinco desses foguetes foram interceptados pelo sistema antiaéreo israelense.
As Forças de Defesa não mencionam o Hezbollah no texto, mas o grupo terrorista atua naquela região libanesa e já fez outros ataques no norte de Israel nestes últimos dias de confronto com os terroristas do Hamas. A presença do Hezbollah pode criar mais uma frente de combate no conflito.
Crise humanitária
O conflito provocou ainda uma crise humanitária, envolvendo brasileiros que estavam em Israel e na Faixa de Gaza. O governo do Brasil repatriou mais de 900 brasileiros, que já retornaram ao país em voos da Força Aérea Brasileira.
Neste domingo (15), o embaixador do Brasil na Cisjordânia, Alessandro Candeas, disse esperar que os brasileiros que aguardam repatriação na Faixa de Gaza possam atravessar hoje (16) a fronteira para o Egito, em passagem próxima a Rafá.
Um grupo de 28 pessoas — 22 brasileiros e seis palestinos com residência no Brasil — segue abrigado em Rafá e em Khan Yunis, no sul de Gaza, aguardando autorização do governo egípcio para cruzar a fronteira.
O embaixador afirmou que a saída dos brasileiros depende da abertura da passagem para o Egito e também da autorização das autoridades de imigração, que precisam carimbar o passaporte dos brasileiros.
Segundo o governo brasileiro, após cruzarem para o Egito, as pessoas serão trazidas para o Brasil no avião VC-2 da Presidência da República, com capacidade para transportar até 40 passageiros.