Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o período de investigação durou em torno de 20 meses e, apenas neste período, os números apontam para montante de R$ 3 milhões.
Denominada Cartão Vermelho, a ação desencadeada hoje visa o cumprimento de sete mandados de prisão preventiva, além de 14 mandados de busca e apreensão, nos municípios de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. O objetivo, é desarticular organização criminosa voltada à prática de peculato e demais delitos e um dos alvos é o presidente Francisco Cezário de Oliveira. Ele está no comando dá entidade há 28 anos.
Conforme o MPMS, o dinheiro chegava à FFMS através de convênios assinados com o Governo do Estado e através da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). A partir daí, os valores eram desviados.
“Durante 20 meses de investigação, foi constatado que se instalou, na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, uma organização criminosa, cujo principal objetivo era desviar valores, sejam provenientes do Estado de Mato Grosso do Sul (via convênio, subvenção ou termo de fomento) ou mesmo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em benefício próprio e de terceiros”, diz nota encaminhada pelo Ministério Público.
Ainda segundo as investigações, uma das formas de desvio acontecia através de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação, em valores não superiores a R$ 5 mil. Tal medida acontecia para os envolvidos "não alertarem os órgãos de controle". Depois, o dinheiro era "dividido entre os integrantes do esquema", afirma o MPMS. Durante os meses de investigação, foi constatado que os integrantes do grupo realizaram mais de 1.200 saques, que ultrapassaram o montante de R$ 3 milhões.
Diárias
Além dos saques realizados com valores baixos, a organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.
“Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul”.
Pela manhã, durante o cumprimento de mandados, foram apreendidos mais de R$ 800 mil.
Defesa
Em contato com a defesa da FFMS, o Dourados News foi informado pelo advogado André Borges que ainda aguarda o conhecimento das investigações para os esclarecimentos necessários.
"Nessa fase, qualquer investigação é sempre unilateral; em breve, ela será submetida ao necessário contraditório. Devemos aguardar os esclarecimentos, que serão prestados oportunamente", afirmou Borges.