A divulgação das conversas do deputado paraguaio Eulalio Gomes, o “Lalo”, com autoridades paraguaias continua gerando crise política de repercussão nacional no país vizinho. O escândalo mais recente revela que Lalo usou de sua influência para convencer o juiz penal de Garantias Álvaro Rojas Almirón a tirar da cadeia dois pistoleiros do PCC (Primeiro Comando da Capital).Pecuarista, ex-presidente da ARP (Associação Rural do Paraguai) e deputado pelo Partido Colorado, Lalo Gomes foi morto por policiais paraguaios em agosto de 2024 durante operação em sua casa, em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã (MS).
Lalo e o filho estavam sendo investigados por suposta ligação com narcotraficantes da linha internacional, entre eles o brasileiro Jarvis Gimenes Pavão.
Conversas obtidas com a quebra de sigilo do celular do deputado revelaram a forte influência que Lalo Gomes tinha sobre altas autoridades políticas, sobre promotores de Justiça e até juízes.Os diálogos mostram que, em abril do ano passado, Lalo recorreu ao juiz Álvaro Rojas Almirón para conseguir a liberdade de Kadu César Machado da Silva e Julio Javier Benitez Silva, apontados como matadores do PCC.
A dupla estaria entre os pistoleiros que, em 17 de junho de 2023, tentaram matar o narcotraficante Nelson Gustavo Amarilla Elizeche, o “Nortenho”, em Pedro Juan Caballero. A caminhonete dele foi alvejada a tiros de fuzil calibre 7,62, mas Nelson escapou.
No dia 1º de abril de 2024, o magistrado autorizou a liberdade provisória da dupla e suspendeu todas as medidas cautelares. No dia seguinte mandou mensagem a Lalo Gomes: “Bom dia, senhor deputado, o que foi acordado sobre essas pessoas foi cumprido”.
De acordo com a imprensa paraguaia, o juiz Álvaro Rojas Almirón atuava a serviço de Lalo Gomes, atendendo a pedidos para soltar preso com histórico de tráfico de drogas e homicídio, para aliviar denúncia contra um prefeito (não identificado) e até para liberar um trator apreendido.