O contrato que rege a concessão do trecho da BR-163 que corta Mato Grosso do Sul voltou a ser pauta de discussão na Alems (Assembleia Legislativa), especialmente a duplicação após o acidente que matou seis pessoas entre Campo Grande e Anhanduí, na última quarta-feira (10).
Vale ressaltar que o km 429, onde ocorreu o acidente, tem o pedágio mais caro de Mato Grosso do Sul. De acordo com a tabela da CCR MSVia, o preço da taxa para automóveis, caminhonetes e furgões é de R$ 9,10, num trecho que sequer é duplicado.
O deputado Roberto Hashioka (União), na sessão ordinária desta terça-feira (16), apontou que atualmente 60% da rodovia é de pista simples, o que representa 505 quilômetros. O parlamentar afirmou que a comissão representativa que trata sobre o assunto tem interesse de ir a Brasília para cobrar providências sobre a duplicação da BR-163.
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Outro diálogo necessário seria com o TCU (Tribunal de Contas da União) e com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), que cuidam da repactuação do contrato da BR-163.
“Manifestei hoje aqui pedindo que a gente pudesse estabelecer uma forma de diálogo junto à ANTT e também com o Tribunal de Contas da União, que segundo dizem está discutindo essa questão da repactuação da concessão, que era para 30 anos, passaram-se 10, 20, agora querem fazer mais 15, seriam 35 anos, na expectativa de um investimento de R$ 12 bilhões. Eu acho que R$ 12 bilhões seriam mais do que suficiente para duplicar toda a rodovia”, defende.
Hashioka também aproveitou o momento para apresentar dados que justificam a urgência das providências.
“Iniciada a concessão em 2014, foram realizados 18% da duplicação pela CCR MSVia. Pagamos vários impostos e pedágios numa rodovia que não oferece segurança aos sul-mato-grossenses. A empresa informou que em 2022 investiu R$ 450 milhões e teve uma receita de R$ 163 milhões. Em 2023, investiu R$ 430 milhões e repetiu um prejuízo em torno de R$ 300 milhões. Portanto, significa que investiu R$ 500 mil por quilômetro por ano. Como esses prejuízos financeiros, como uma empresa insiste em querer ficar com a concessão? Não entendo esse interesse”, questionou.
A deputada Mara Caseiro (PSDB) compartilhou da mesma urgência em tratar sobre a duplicação da BR-163 para evitar acidentes fatais. “É um absurdo uma estrada como essa ficar conhecida como estrada da morte, nós temos que fazer algo e, se necessário, vamos à Brasília cobrar a repactuação e cumprimento da duplicação completo”, promete.
A morte de seis pessoas em um trágico acidente na BR-163, entre Campo Grande e Anhanduí, na quarta-feira (10) reascende a discussão sobre a duplicação da rodovia, que há anos está apenas no papel.
Inclusive, o trecho do acidente, no km 429, tem o pedágio mais caro de Mato Grosso do Sul. De acordo com a tabela da CCR MSVia, empresa que tem a concessão da rodovia, o preço da taxa para automóveis, caminhonetes e furgões é de R$ 9,10, num trecho que sequer é duplicado.
O último reajuste, em agosto do ano passado, aumentou a taxa em 16,8%. Para fins de comparação, o trecho com pedágio mais em conta fica no início da rodovia, em Mundo Novo, custando R$ 6 – mais de R$ 3 a menos que o situado em Campo Grande.
Ao todo, a CCR MSVia mantém nove pontos de pedágio em Mato Grosso do Sul e o valor cobrado no trecho do acidente que vitimou seis pessoas apenas se iguala ao ponto oito, em Rio Verde de MT.
O preço em trechos duplicados chegam a dobrar de valor, podendo chegar a R$ 54,60 para caminhões com reboque, caminhão-trator com semirreboque de seis eixos. Investimentos e duplicações de trechos críticos são cobrados há anos da CCR MSVia.